Após a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) afastar o professor de Geografia da escola estadual Camilo Dias, que disse em sala de aula que “roubar é trabalho”, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinter) divulgou nota em que defende o docente dos ataques sofridos e repudia a decisão da pasta.
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Fala de professor que defendeu ladrão como profissão repercute pelo Brasil
“O Sindicato defende o docente e repudia o posicionamento da Secretaria de Educação ao publicar uma nota sem ouvi-lo. Tal atitude da SEED enfraquece todo o sistema e o processo de ensino e aprendizagem”, disse.
Para o Sinter, o vídeo com a frase do professor foi usado fora de contexto. “Em sua aula, o educador criticava, por meio de exemplos, a falta de políticas públicas para toda a sociedade brasileira. A divulgação é apenas de um trecho mal colocado e não o todo, para quem assiste entenda por completo a exemplificação”, prossegue na nota, que pode ser conferida na íntegra ao final da reportagem. “Em nenhum momento um educador defenderá ou incitará a criminalidade e a violência”.
O sindicato lamentou ainda a postura de quem criticou o professor – incluindo o presidente Jair Bolsonaro (PL) que falou do assunto em live da última quinta-feira (17) -, sem lhe dar o direito a uma explicação. A nota termina com um pedido aos profissionais da Educação, sindicatos, centrais e federações para que apoiem o combate à propagação do ódio, “a luta pela verdade e a educação pública de qualidade que, mais uma vez, destacamos que se constrói com diálogo, discussão e políticas públicas.”
Ouça o áudio polêmico
Nota completa do Sinter
“O Sinter vem a público demonstrar solidariedade ao professor da rede estadual de ensino, vítima de ataques devido um conteúdo divulgado de forma deturpada em um trecho de sua aula. O Sindicato defende o docente e repudia o posicionamento da Secretaria de Educação ao publicar uma nota sem ouvi-lo. Tal atitude da SEED enfraquece todo o sistema e o processo de ensino e aprendizagem.
O vídeo que circulou nas redes sociais, virou notícia local e nacional – como assunto de discursos políticos – foi usado fora de contexto. Em sua aula, o educador criticava, por meio de exemplos, a falta de políticas públicas para toda a sociedade brasileira. A divulgação é apenas de um trecho mal colocado e não o todo, para quem assiste entenda por completo a exemplificação.
A sala de aula é um ambiente de discussão e liberdade de expressão, desde que estas não firam direitos. O processo educacional, na atual conjuntura política, é inúmeras vezes mal interpretado. Em nenhum momento um educador defenderá ou incitará a criminalidade e a violência.
Lamentamos a postura de alguns blogueiros, jornalistas, órgãos, instituições e até o presidente da República que compartilharam e criticaram o professor sem ao menos lhe dar o direito à uma explicação. Diante dessa postura, o processo educacional é o mais prejudicado.
Por fim, pedimos aos colegas profissionais da Educação, sindicatos, centrais e federações apoio ao combate à propagação do ódio, a luta pela verdade e a educação pública de qualidade que, mais uma vez, destacamos que se constrói com diálogo, discussão e políticas públicas.
A diretoria.